O que é espiritismo?

Conheça um pouco da Doutrina Espírita

APRESENTAÇÃO

Para aqueles que estiverem decididos a conhecer a doutrina espírita, as fontes seguras que servem como base são as obras de Allan Kardec, relacionadas ao final desse livreto. A leitura dessas obras, no entanto, pode parecer difícil no início, razão pela qual elaboramos esse livreto.

As orientações aqui contidas, no entanto, não dispensam a leitura e o estudo das obras básicas de Kardec, que é pré-requisito para a profunda compreensão da doutrina. Porém, pretendemos despertar o interesse e a curiosidade, mostrando a importância do estudo e o melhor caminho a seguir.

POR QUE CONHECER O ESPIRITISMO

A maior parte das pessoas não está interessada nas questões fundamentais que cercam nossa existência, principalmente quando precisam enfrentar as tribulações e a agitação da vida diária. As preocupações importantes estão relacionadas ao dinheiro, diversão, família, sociedade, trabalho, e, diante delas, questões acerca da “existência de Deus” ou da “imortalidade da alma” parecem ser fantasiosas e pouco práticas, ficando a cargo de pessoas aparentemente competentes para entender do assunto, como sacerdotes, ministros religiosos, filósofos, teólogos.

Mesmo entre os adeptos de alguma religião, dificilmente há o interesse genuíno nas questões divinas. Quando tudo vai bem, ou mesmo entre uma e outra dificuldade, não pensam em Deus, ou quando pensam é por meio de visitas à igreja – 1 hora por semana - ou através de preces mecânicas e isentas de sentimento, como se tais atitudes fossem simples obrigações que todos têm que desincumbir, de uma maneira ou de outra. A religião nesse caso não passa de mera formalidade e, no máximo, servirá como desencargo de consciência – pois todos sentem, no fundo do coração, que é importante estar bem com Deus. Muitos nem sequer alimentam firme convicção naquilo que professam, carregando sérias dúvidas a respeito de Deus e do que acontece após a morte.

No entanto, quando acontece um grande problema, como uma grande perda material, a morte de um ente querido ou o diagnóstico de uma grave doença, tais pessoas se sentem surpreendidas e não encontram em si mesmas a fé necessária ou a compreensão para enfrentar a situação com coragem e resignação. O resultado normalmente é uma grande revolta ou o completo desespero, que só pioram a situação.

O conhecimento da doutrina espírita abre-nos uma visão ampla e racional da verdadeira Vida, e não daquela limitada que nos foi apresentada, explicando-as em seus pormenores, livre de paradigmas e preconceitos. Entendemos o verdadeiro conceito de Justiça Divina, e a grandiosidade da criação de Deus, e nos permite iniciar uma transformação íntima baseada em amor e benevolência, nos conectando a Divindade.

DE QUE TRATA O ESPIRITISMO

O Espiritismo responde a questões fundamentais de nossa vida, como:

  1. Quem é você?
  2. Antes de nascer, o que você era?
  3. De onde veio?
  4. Por que você está nesse mundo?
  5. Depois da morte, o que você será?
  6. Por que uma pessoa sofre mais que outra?
  7. Por que alguns nascem ricos, e outros nascem pobres?
  8. Por que alguns nascem ou se tornam cegos, aleijados, com transtornos mentais, etc, enquanto outros permanecem inteligentes e saudáveis?
  9. Por que Deus permite tanta desigualdade entre seus filhos? Por que há tanta desgraça no mundo e a tristeza supera a alegria?
  10. Por que tantas pessoas más conseguem sucesso e prestígio, enquanto pessoas boas sofrem tanto durante toda a vida?
  11. Se imaginarmos uma situação em que três pessoas viajam em um veículo e sofrem um pavoroso desastre. Uma perde a vida, outra fica gravemente ferida e a terceira escapa ilesa. Por que sortes tão diferentes? Onde está nisso a justiça de Deus?

Tais são as perguntas que nos fazemos ao contemplarmos tanta desigualdade e tantos destinos diferentes na vida atribulada de nosso planeta, e que podem ser respondidas pela Doutrina Espírita.

O QUE É O ESPIRITISMO

Espiritismo é uma doutrina revelada pelos Espíritos Superiores através de médiuns e organizada (codificada) em 1857 por um educador francês conhecido por Allan Kardec. Surgiu, pois, na França, há mais de um século e meio.

O ESPIRITISMO É CIÊNCIA

Dizemos que o Espiritismo é ciência porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos, que não passam de leis naturais. Não existe nada de sobrenatural no Espiritismo: todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, possuem explicação científica. São, portanto, de ordem natural.

O ESPIRITISMO É FILOSOFIA

O Espiritismo é uma filosofia porque, a partir dos fenômenos espíritas, faz uma explanação completa da vida, explicando de onde viemos, o que fazemos no mundo, e para onde vamos após a morte. Toda doutrina capaz de dar uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO

Dizemos também que o Espiritismo é uma religião porque tem por fim a transformação moral do ser humano, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de amor e caridade.

O SENTIDO DA RELIGIÃO ESPÍRITA

O Espiritismo não é organizado dentro de uma estrutura clerical, sendo profundamente diferente das religiões tradicionais, pois não tem sacerdotes nem outro tipo de chefe religioso. Não possui templos suntuosos, nem adota rituais ou cerimônias como o batismo, o casamento, etc. Não usa imagens, nem velas, nem vestes, nem qualquer simbologia. Não adota ornamentos para cultos, nem gestos de reverência, nem sinais cabalísticos, nem incensos ou defumadores, nem danças ou cantos cerimoniosos, nem bebidas ou oferendas.

O culto espírita é feito no próprio coração. É o culto do sentimento puro, do amor ao semelhante, do trabalho constante em favor do próximo. Somente o pensamento equilibrado no bem nos liga a Deus, e somente a prática das boas ações nos tornam seus verdadeiros adoradores. Assim, o Espiritismo procura reviver os ensinamentos de Jesus na sua simplicidade e sinceridade, sem luxo, sem convencionalismos sociais, sem pompas, sem grandezas, pois, como nos recomendou o Mestre de Nazaré, Deus deve ser adorado “em espírito e verdade”.

O Espiritismo é o consolador prometido por Jesus.

"Se me amais, guardai os meus mandamentos - e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não O vê; vós, porém, O conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e fará vos lembreis de tudo o que vos tenho dito." (Jesus – Evangelho de João, cap. XIV, versículos 15 a 17 e 26).

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ESPIRITISMO

EXISTÊNCIA DE DEUS

Deus existe. É a origem e o fim de tudo. É o criador, causa primária de todas as coisas. Deus é a Suprema Perfeição, com todos os atributos que possamos imaginar e muito mais. Não somos capazes de entender sua natureza devido as nossas limitações. Se formos capazes de nos desfazer de todos os nossos paradigmas e de praticar tudo que Jesus nos ensinou, revestindo-nos do puro Amor, poderemos começar a abranger o conhecimento ilimitado e perfeito de Deus.

IMORTALIDADE DA ALMA

Antes de sermos seres humanos filhos de nossos pais, somos espíritos, filhos de Deus. O Espírito é o princípio inteligente do Universo criado por Deus simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços.

Como espíritos, já existíamos antes de nascermos, e continuaremos a existir depois da morte física.

Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado. Quando nasce, dizemos que reencarnou e, quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta para o Plano Espiritual, de onde veio ao nascer. Desta forma, os espíritos são seres humanos desencarnados que estão na Espiritualidade.

REENCARNAÇÃO

Criado simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria seu destino. Para isso ele é dotado de livre arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Desse modo, ele tem possibilidade de aprender, se desenvolver, aperfeiçoar-se e tornar-se cada vez melhor e mais perfeito, como um aluno na escola que passa de uma série para outra, através do tempo. O espírito só pode alcançar essa evolução encarnado e reencarnando, quantas vezes forem necessárias, para adquirir mais conhecimentos através das múltiplas experiências da vida.

O progresso adquirido pelo espírito através das experiências vividas nas inúmeras existências não é somente intelectual, mas, sobretudo, moral, e este último é o responsável por aproximá-lo cada vez mais de Deus.

Porém, assim como o aluno da escola que repete o ano, o espírito que não aproveita sua existência encarnado na Terra pode permanecer estacionado por muito tempo, conhecendo maiores sofrimentos e atrasando sua evolução.

Não sabemos quantas reencarnações já vivemos, nem quantas teremos ainda pela gente. No entanto, sabemos que espíritos atrasados necessitam reencarnar muitas e muitas vezes, até alcançarem o desenvolvimento moral necessário para se tornar espírito puro. Todavia, nem todas as encarnações acontecem no planeta Terra, pois existem muitos mundos superiores e inferiores no Universo. Quando evoluirmos muito, poderemos renascer em um planeta de ordem moral elevada. O Universo é infinito e o Mestre Jesus já disse: “na casa de meu Pai há muitas moradas”. A Terra é um planeta de categoria moral inferior, haja vista o panorama lamentável em que se encontra a humanidade. Contudo, como todos são programados para evoluir, também nosso planeta está sujeito a se transformar em uma esfera de regeneração, quando seus habitantes decidirem praticar o bem, e a fraternidade reinar entre eles.

ESQUECIMENTO DO PASSADO

Não nos lembramos das vidas passadas e essa é uma dádiva Divina. Muitas vezes, os inimigos do passado são hoje membros da nossa família (filhos, pais, irmãos), vizinhos, colegas de trabalho e até mesmo nossos amigos, que presentemente se encontram junto a nós para reconciliação. Se nos lembrássemos do mal que fizemos aos outros, dos sofrimentos que passamos, daqueles que nos prejudicaram ou a quem prejudicamos, não teríamos condições emocionais para viver entre eles atualmente. Esse é um dos motivos para a reencarnação.

Na vida atual, estamos corrigindo erros que praticamos em outras vidas contra nossos irmãos, sofrendo as consequências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo auxiliados por aqueles que nos prejudicaram. Daí a importância da família, o principal núcleo onde se costumam resgatar os laços rompidos em experiências anteriores. O Mestre Jesus já o disse: “Pois Eu vim para ser motivo de discórdia entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria família.” (Evangelho de Mateus, cap. 10, versículos 35 a 36.)

Desta forma, a reencarnação é oportunidade de reparação e também de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, rumo a nossa evolução espiritual. Quando reencarnamos trazemos um “plano de vida”, que representam nossos compromissos assumidos perante a Espiritualidade e perante nós mesmos, e que dizem respeito à reparação do mal e às oportunidades de prática de todo o bem possível. Dependendo de nossas condições espirituais, podemos ou não escolher os sofrimentos e as dificuldades que provarão nosso desenvolvimento espiritual. Portanto, a reencarnação, enquanto mecanismo perfeito da Justiça Divina, explica-nos o motivo de existir tanta desigualdade no destino das criaturas terrestres.

Em resumo, o objetivo da vida na Terra é:

  1. Oportunidade para expiarmos o mal praticado, pagando com amor ou com sofrimento os erros cometidos.
  2. Provar ou medir nosso grau de evolução, ante nossos sinceros desejos de mudança de conduta íntima, que podem ocorrer diante de uma dificuldade ou por desejo espontâneo.
  3. Ajudarmos a humanidade, pois que todos somos irmãos, e, a partir de nossas mudanças de comportamento voltadas para o bem, servirmos de exemplo aos outros para incentivá-los na prática do bem.
  4. Em casos de espíritos muito elevados, a encarnação se tornará uma missão especial, para prestar serviço à humanidade.

Pelo mecanismo da reencarnação, verificamos que Deus não castiga. Somos nós, através de nossas atitudes, que causamos os próprios sofrimentos, seguindo uma lei da física e do eletromagnetismo: “ação e reação”.

COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS

Os espíritos são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos: bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos.

Eles estão por toda a parte. Não estão ociosos, pelo contrário, têm suas ocupações como nós, encarnados.

Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão juntos de nós, por causa de nossas imperfeições. Não os vemos, pois se encontram em uma dimensão diferente da nossa, mas eles podem nos ver e até conhecer nossos pensamentos em determinadas situações. Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais, chamadas de médiuns.

Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e se quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou da faculdade do médium: pode ser pela sua fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), por batidas (tipologia), etc. É importante entender, porém, que toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente. Precisa, antes de tudo, ser encarada com reserva e examinada com o devido cuidado para não sermos vítimas de espíritos enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium: se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos. Chico Xavier, por exemplo, era um bom médium, pelas qualidades que portava.

A Doutrina Espírita alerta as pessoas muito crédulas contra as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais. Por isso é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a respeito do Espiritismo.

FÉ RACIOCINADA

Para podermos crer de verdade, antes de mais nada, precisamos compreender aquilo em que devemos crer. A crença sem raciocínio não passa de uma crença cega, de uma crendice ou mesmo de uma superstição. Antes de aceitarmos algo como verdadeiro, devemos analisar bem o mal de muita gente é acreditar facilmente em tudo que lhe dizem sem cuidadoso exame.

“Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade” (Allan Kardec).

LEI DA EVOLUÇÃO

Cada um de nós é um espírito encarnado a caminho de Deus. A vida na Terra é sempre uma oportunidade de reajustamento no caminho do bem: a escolha nos pertence. Logo, as consequências boas ou más são resultados de nossas próprias decisões. É a lei da “ação e reação”, das causas e consequências. Se agora estamos sofrendo, podemos concluir que a causa advém de erros anteriores. Se, portanto, fizermos o mal, cedo ou tarde sofreremos as consequências. “A cada um segundo suas obras”, disse Jesus. Isso explica a razão de tanto sofrimento no mundo.

Por isso, alguns caminham mais depressa que outros, como os diferentes alunos de uma classe escolar. Quanto melhor nossa conduta, mais depressa nos libertaremos dos sofrimentos, encurtando o caminho da evolução.

Não há céu nem inferno conforme pintam as religiões tradicionais. Existem, sim, estados de alma que podem ser descritos como celestiais ou infernais. Também não existem anjos e demônios, mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a caminho da perfeição, pois os bons se tornam melhores e os maus se regeneram. Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca e a Suprema Vontade é a Lei.

Se a sorte do ser humano fosse inapelavelmente selada após a morte, todos estaríamos perdidos, visto termos sido muito mais maus do que bons durante nossa vida, e quase ninguém, hoje em dia, mereceria ir para um céu de bem aventuranças, onde só caberiam os puros. Por outro lado, uma vida, por mais longa que seja, não é suficiente para nos esclarecer a respeito dos planos de Deus. Muitos não têm sequer como garantir a própria sobrevivência e muito menos ainda a oportunidade de uma boa educação. Muitos foram orientados para o bem, outros morrem cedo demais, antes mesmo de se esclarecerem sobre o melhor caminho a seguir.

Para medirmos o quanto de absurdo existe na ideia de céu e inferno como penas eternas, basta que formulemos as seguintes perguntas:

  1. Como Deus, sendo o Supremo saber e conhecendo nosso futuro, criaria um filho sabendo que ele iria para o inferno por toda a eternidade? Que Deus seria esse? Onde estariam sua bondade e misericórdia?
  2. Como uma mãe amorosa poderia ficar tranquila no céu sabendo que seu filho querido está ardendo no inferno?

LEI MORAL

Cada um tem a oportunidade que merece e, apesar de pensarmos isso às vezes, ninguém está perdido. Se um pai terreno, que é imperfeito e mau, não é capaz de condenar eternamente seu filho – por pior que este seja – muito menos o seria Deus, que é Pai misericordioso. O amor de Deus é infinito, incondicional e perfeito, “Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Evangelho de Mateus, cap. 5, versículo 45).

Disse o Cristo: “Em verdade, em verdade te asseguro que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Evangelho de João, cap. 3, versículo 3). Ele se referia ao nascimento do corpo e ao renascimento moral das criaturas, isto é, “nascer da água e do Espírito”. Daí sabemos que a vida é sempre uma nova oportunidade de reconciliação com os ideais superiores do bem e da verdade.

Seguir o exemplo vivo de Jesus deve ser o ideal de todo cristão sincero. A própria Espiritualidade reforça essa afirmativa na pergunta 625 de O Livro dos Espíritos:

Pergunta: “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

Resposta: “Jesus.”

Não adianta alguém dizer que pertence a esta ou àquela religião, porque a permanência, por si só, não representa nada. O importante é praticar o que se aprende na rotina diária, porque, como disse Tiago: “a fé cristã, se não se traduzir em atos, é morta em si mesma” (Evangelho de Tiago, cap. 2, versículo 17). Para saber se você está seguindo essa máxima, comece por examinar sua vida:

  1. Como você vem tratando seus familiares: pai, mãe, irmãos, esposo ou esposa, filhos?
  2. Como você trata as pessoas que não são do convívio íntimo? E os desconhecidos?
  3. Como é o seu comportamento no trabalho, na escola, nas horas de lazer e na vida pública em relação às outras pessoas?
  4. Como você reage diante de diversas situações na vida, como uma ofensa, uma agressividade, uma calúnia, uma ingratidão, uma decepção? Essas reações são diferentes quando se tratam de estranhos ou de pessoas íntimas?
  5. Como você se comporta diante de um problema familiar, como uma doença ou a perda de um ente querido?
  6. O que você tem feito em favor dos outros?

“Amai-vos uns aos outros” – recomendou Jesus. E não há outra maneira de amar, a não ser exercendo a caridade. Ser caridoso é ser benevolente, paciente, tolerante, humilde. É fazer para o outro aquilo que desejamos que nos façam. Como não desejamos que nos façam o mal, mas sim todo o bem possível, assim também devemos agir, seja com familiares, parentes, amigos, desconhecidos e até mesmo com os inimigos.

A obrigação do cristão é ser um trabalhador do bem, fazendo sua parte, por menor que seja, na luta por um mundo melhor. Podemos isso muito bem, cuidando melhor de nossas atitudes, vigiando nosso comportamento diário, sendo mais atenciosos e gentis, exaltando as qualidades alheias e, finalmente, sendo mais exigentes para conosco.

Ajudar os que necessitam, socorrer os desesperados, assistir aos doentes, orientar os desajustados, levar palavras de conforto e esperança aos aflitos, divulgar e viver os ensinamentos de Jesus – tudo isso constitui as bases do verdadeiro amor ensinado e exemplificado por Jesus, há mais de dois mil anos.

Seguindo as pegadas do Mestre, pelo amor vivo que manifestou ao mundo, Allan Kardec proclama:

“FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO”.

FINALIZANDO

Depois dessa simples leitura, esperamos que sejam muitas as dúvidas e questionamentos. Esse será um sinal, de que há interesse na busca de explicações para a vida.

Conforme foi dito no início, o conhecimento da Doutrina Espírita deve ser aprofundado a partir das cinco obras básicas de Allan Kardec, quais sejam:

  1. O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1857)
  2. O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861)
  3. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864)
  4. O CÉU E O INFERNO (1865)
  5. A GÊNESE

Estas obras são fundamentais e essenciais para o estudo da Doutrina. Existem também outras obras de Allan Kardec, e de outros bons autores espíritas (como André Luiz e Emmanuel, através de Francisco Cândido Xavier), que complementam o conhecimento e que podem ser estudadas a parte. O importante, ao final, é compreender e iniciar a mudança íntima rumo à evolução do ser.

PENSE NISSO

PENSE AGORA.

ALLAN KARDEC

Allan Kardec nasceu em Lyon (França), em 3 de outubro de 1804, filho de Jean Maptiste-Antoine e Jeanne Duhamel, e foi registrado sob o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail. Sua família tinha orientação católica, com tradição na magistratura e na advocacia, e desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia.

Iniciou seus estudos na escola de Pestalozzi no Castelo de Yverdon, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras. (em Yverdun, Suiça). A educação transmitida por Pestalozzi marcou profundamente a vida futura do jovem Rivail.

Tornou-se educador e entusiasta do ensino, tendo sido várias vezes convidado por Pestalozzi para assumir a direção da escola, na sua ausência. Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. Durante 30 anos (de 1824 a 1854), dedicou-se inteiramente ao ensino e foi autor de várias obras didáticas, que em muito contribuíram para o progresso de educação, naquela época.

Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Era membro de diversas sociedades acadêmicas, entre elas o Instituto Histórico de Paris e a Academia Real de Arras. Esta última, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?". Foi autor de numerosas obras de educação, e também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranquila em termos monetários. Seu nome era conhecido e respeitado, e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade de França. No mundo literário, conhece a culta professora Amélia Gabrielle Boudet, com quem contrai matrimônio no dia 06 de fevereiro de 1832. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.

Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de química, física, anatomia comparada, astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, elaborou um manual de aritmética que foi adotado por décadas nas escolas francesas e um quadro mnemônico da História da França, que visou facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país.

Em 1854, através de um amigo chamado Fortier, o Professor Rivail ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das chamadas mesas girantes, em moda nos salões europeus desde a explosão dos fenômenos espíritas em 1848 na cidadezinha de Hydesville, nos Estados Unidos, com as irmãs Fox. No ano seguinte, interessou-se mais pelo assunto, pois soube tratar-se de intervenção dos Espíritos, informação dada pelo Sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos. Depois de algum tempo, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma dessas reuniões, pelo Sr. Pâtier, um homem muito sério e instruído. O professor era um grande estudioso do magnetismo e aceitou participar, pensando tratar-se de fenômenos ligados ao assunto. Após algumas sessões, no entanto, começou a questionar para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. Admirava-se com as manifestações, pois parecia-lhe que por detrás das mesmas havia uma causa inteligente, responsável pelos movimentos. Resolveu investigar, pois desconfiou que, por detrás daqueles fenômenos, encontrava-se como que a revelação de uma nova lei. Aplicou a estes fenômenos o método experimental com o qual já estava familiarizado na função de educador e, partindo dos efeitos, remontou às causas e reconheceu a autenticidade daqueles fenômenos. Assim, convenceu-se da existência dos espíritos e de sua comunicação com os homens.

Grande transformação se operou na vida do professor Rivail: convencido de sua condição de espírito encarnado, adotou o pseudônimo "Allan Kardec", a fim de diferenciar a Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o nome foi escolhido após um espírito revelar-lhe que, em existência anterior, haviam vivido juntos entre os druidas, na Gália, e que nessa época se chamava Allan Kardec.

De 1855 a 1869, consagrou sua existência ao Espiritismo e, sob a assistência dos Espíritos Superiores representados pelo Espírito da Verdade, estabeleceu as bases da Codificação Espírita, em seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso. Iniciou a publicação das obras de Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz ‘O Livro dos Espíritos’, considerado como o marco de fundação do Espiritismo. Após o lançamento da Revista Espírita, em 1 de janeiro de 1858, fundou a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Além das obras básicas da Codificação, ou Pentateuco Kardequiano, contribuiu com outros livros básicos de iniciação doutrinária, como: ‘O que é o Espiritismo’, ‘O Espiritismo na sua mais simples expressão’, ‘Instruções práticas sobre as manifestações espíritas’ e ‘Obras Póstumas’. A estas obras junta-se a Revista Espírita, “jornal” de estudos psicológicos, lançado a 1º de janeiro de 1858 e que esteve sob sua direção por 12 anos.

Assim surgiu o Espiritismo: com a ação dos Espíritos Superiores, apoiados na maturidade moral e cultural de Allan Kardec, no papel de codificador. Com a máxima “Fora da caridade não há salvação”, Kardec procurou ressaltar a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua. A este princípio cabe juntar outro: “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face à face, em todas as épocas da humanidade”.

Esclarece Allan Kardec:
“A fé raciocinada que se apoia nos fatos e na lógica, não deixa qualquer obscuridade: crê-se, porque se tem certeza e só se está certo, quando se compreendeu”.

Denominado “o bom senso encarnado” pelo célebre astrônomo Camille Flammarion, Allan Kardec desencarnou aos 65 anos, a 31 de março de 1869. Em seu túmulo, no cemitério de Père Lachaise (Paris), uma inscrição sintetiza a concepção evolucionista da Doutrina Espírita: “Nascer, Morrer, Renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.